Trabalhadores rurais do Vale do São Francisco podem deflagrar greve geral

por Carlos Britto // 16 de fevereiro de 2017 às 07:25

Os mais de 100 mil trabalhadores da hortifruticultura irrigada do Vale do São Francisco estão, desde a manhã de ontem (15), em estado de greve. A decisão foi tomada na terça (14), durante uma reunião entre os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Pernambuco e Bahia, a Federação dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Assalariados Rurais de Pernambuco (Fetaepe) e as Federações de Trabalhadores na Agricultura dos dois estados (Fetape e Fetag-BA), depois de vários dias de escuta da categoria, em seus locais de trabalho.

Após 13 anos da última greve do segmento, os trabalhadores avaliaram que é impossível continuar a negociação com os empresários, que, durante seis reuniões entre as partes, só apresentaram propostas de retirada de direitos.

O Sindicato Patronal já foi comunicado oficialmente da decisão dos trabalhadores rurais, que vão esperar o prazo legal de 48 horas para darem início à paralisação. Entre as reivindicações da categoria estão o piso salarial unificado de R$ 987,00, cesta básica e reajuste de 10% para quem recebe salário acima do piso da categoria.

Porém, ao invés de buscar tratar de avanços, a classe patronal só tem apresentado propostas que colocam em risco direitos assegurados pela Lei e pela Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), em anos anteriores.  Entre os pontos expostos pelos empresários estão: o fim do direito do pagamento das horas in itinere (deslocamento dos funcionários ao trabalho); fim da remuneração de hora extra (sugerem a criação de banco de horas); fim dos 45 dias de estabilidade após a data base da CCT; e pagamento do transporte pelo trabalhador.

Negociações

As negociações da 23ª Campanha Salarial 2016/2017 da categoria no Vale do São Francisco (Pernambuco e Bahia), que foi iniciada no mês de janeiro, conta com a participação de Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Belém do São Francisco, Inajá, Petrolina, Santa Maria da Boa Vista e Lagoa Grande (em Pernambuco); e de Abaré, Curaçá, Juazeiro, Sento Sé e Sobradinho (na Bahia); além de Fetaepe, Fetape e Fetag-BA, com o apoio da Contar, Contag, Cut e Dieese. As informações são da assessoria da Fetape. (foto/divulgação)

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