A empresa Icofort Agroindustrial deixou de transportar cerca de 21 mil toneladas de caroço de algodão na última safra, que se encerrou em março, devido à redução da vazão do reservatório de Sobradinho. Ela é a única empresa a explorar a Hidrovia do São Francisco em Petrolina.
Com a diminuição da vazão, a companhia tem que pedir à Chesf que libere mais água cada vez que os comboios (barcos) querem chegar em Petrolina. A Chesf é a dona da hidrelétrica e do reservatório de Sobradinho. “Temos contornado a situação. Quando vamos trazer os comboios solicitamos uma vazão maior à Chesf, que sempre nos atende. No entanto, isso criou dificuldade operacional e decidimos trazer menos caroço de algodão”, diz o diretor de logística da empresa, Marcelo Teixeira. Na última safra, a empresa deveria ter trazido 71 mil toneladas, mas trouxe 51 mil toneladas.
A empresa faz o processamento do caroço do algodão, produzindo a matéria-prima para o óleo comestível de algodão. Com a redução da barragem, decidiu processar menos produto. Para trazer de caminhão, o custo é muito alto, de acordo com o empresário. O caroço de algodão que a empresa processa vem das cidades do Oeste baiano, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. O maior fornecedor é o Oeste baiano.
“Também dificulta a navegação o assoreamento do rio e os pequenos pedrais (pedras) existente entre Ibotirama, na Bahia, e Petrolina/Juazeiro“, comenta. O produto embarca na hidrovia em Ibotirama, que fica a 670 km de Petrolina. “A hidrovia é o modo mais econômico e o caminho mais curto para chegar na fábrica“, lamenta. O parque fabril da empresa funciona no município de Juazeiro, na Bahia.
A safra do algodão geralmente ocorre de junho a março, período em que a empresa usa mais a hidrovia. A empresa investiu numa estrutura que poderia transportar até 270 mil toneladas de produtos por ano na hidrovia, incluindo a aquisição de dois comboios, cada um composto por um empurrador e sete chatas (balsas). Cada comboio pode levar até 4 mil toneladas numa viagem.
“A estrutura está subutilizada. Investimos porque a nossa expectativa era de outras empresas usassem a hidrovia, o que não ocorreu”, conta Marcelo. Ele cita exemplos de outras cargas que poderiam usar a hidrovia, como o gesso do Araripe (indo para o oeste baiano), o milho da Conab que poderia chegar a Petrolina pelo rio, entre outros. “Não conseguimos transportar, porque não há garantia de navegação“, conta. (Fointe: JC)