As possíveis relações entre fatores genéticos e a ocorrência de sintomas de maior ou menor gravidade do novo coronavírus (Covid-19) no organismo humano serão investigadas em estudo que envolve pesquisadores da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, e do Instituto Aggeu Magalhães – Fiocruz Pernambuco, no Recife. A pesquisa, que está em fase inicial e conta com financiamento da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), visa a identificar marcadores genéticos que possam ser associados à ocorrência de formas mais graves da doença.
Intitulada ‘Identificação de Marcadores Genéticos de Gravidade para Auxílio no Prognóstico Clínico na Covid-19’, a pesquisa será realizada concomitantemente em Petrolina e no Recife e investigará 515 pessoas dessas duas regiões. Na Univasf, seis professores e três discentes de graduação e pós-graduação atuarão no estudo, que é coordenado pelo professor Rodrigo Feliciano do Carmo, do Colegiado de Ciências Farmacêuticas (CFARM). A equipe do Instituto Aggeu Magalhães é formada pelos pesquisadores Zulma Medeiros e Luydson Vasconcelos.
A pesquisa irá investigar a ocorrência da doença em três grupos de indivíduos, de acordo com o grau dos sintomas apresentados. A primeira fase do estudo teve início em outubro, com a coleta de amostras de pacientes em estado grave da Covid-19 internados em UTIs. Em seguida, serão coletadas amostras de pessoas com sintomas intermediários da doença, internadas em hospitais de campanha. A última etapa será realizada com pessoas que tiveram sintomas leves ou foram assintomáticas para a Covid-19. O professor Rodrigo Feliciano do Carmo esclarece que haverá um período para recrutamento de voluntários com esse perfil que tenham interesse em colaborar com o estudo. Essa fase acontecerá no primeiro semestre de 2021.
O pesquisador explica que o polimorfismo, mutações genéticas que ocorrem espontaneamente no genoma do indivíduo e acontecem em cerca de 10% da população, pode ter relação com a manifestação de formas mais graves da Covid-19. Os pesquisadores esperam identificar se há alterações comuns nos genes dos pacientes que apontem na direção de uma evolução da doença com maior ou menor impacto para o organismo. Desta forma, por meio de exames laboratoriais seria possível estabelecer o tratamento terapêutico mais adequado para cada paciente, de acordo com a presença ou não desses marcadores no organismo.
Avanços
As pesquisas com marcadores genéticos já são utilizadas em diversas outras doenças, a exemplo da área de oncologia, e podem representar grandes avanços na identificação de novas práticas terapêuticas e no desenvolvimento de novos medicamentos. “Esse será o primeiro estudo genético a avaliar a população do interior de Pernambuco. É algo inédito, que se tornou possível devido à implantação do Laboratório de Diagnóstico Molecular de Covid-19 na Univasf”, destacou Carmo, que também é coordenador do laboratório, único no Interior pernambucano a realizar o exame RT-PCR para diagnóstico de Covid-19, em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE). O estudo será realizado durante dois anos, mas a expectativa é que os primeiros resultados sejam divulgados já em 2021.
Se forem usados milhares de marcadores SNPs a pesquisa pode ter algum resultado. Se os dados forem devidamente analisados em plataformas estatísticas, como o plink, pode ajudar na associação genômica ampla. Começo de uma longa jornada. Sucesso.