Os casos de venda de notebooks doados pelo Governo de Pernambuco estão se tornando cada vez mais comuns em Petrolina. Esta semana, mais uma estudante da região decidiu colocar o equipamento à venda nas redes sociais. Na publicação a vendedora deixa claro que o equipamento foi doado pelo governo do estado e diz que já vendeu a mercadoria.
Em nota recente enviada ao Blog, a Secretaria Estadual de Educação e Esportes (SEC) informou que o notebook passa a ser propriedade do aluno, caso ele conclua o ensino médio cumprindo certos requisitos. Contudo, a SEC explica que por meio de um Termo de Comodato o aluno ou seu responsável se compromete a não vender, doar ou se desfazer do tablet de qualquer outra maneira.
Ainda em nota a secretaria disse que cabe à direção da escola informar as autoridades sobre a venda do equipamento.
Essa é a sociedade que reclama da corrupção dos políticos? “O Brasil não é um país sério”, disse o presidente francês De Gaulle, na era militar. Depois veio Bill Clinton, em 1997, em pleno Governo do paladino da moralidade FHC, e disse: ” A corrupção é endêmica no Brasil”. ACM, o violador do painel do Senado, então presidente do Congresso, exigiu desculpas. De Gaulle e Clinton tinham razão. A corrupção, a farsa e a mentira não é um mal só do PT, PSDB, PSB, DEM, Veja, Globo, Carta Capital, dos três poderes em todas as esferas. É um mal que está no DNA da sociedade brasileira. A lei do mais espertalhão, o jeitinho brasileiro, é uma lei que assola nossa moral de forma degradante. Ser correto por aqui é ser “besta”, “otário”, “babaca”. O país em que se vê “assalariados” desfilando em carrões de luxo não é um país sério. Lembro de um treinamento onde o instrutor dizia: “Funcionário público honesto nunca fica rico, se quiser ficar rico, vá para a iniciativa privada”. Um colega retrucou: Poucos da iniciativa privada também ficam ricos honestamente. Gerivaldo Neiva, Juiz de Direito (mais sobre ele em http://www.gerivaldoneiva.com ) deixou no ar alguns itens que lançam perguntas que não querem calar e que explicam que a mudança de paradigmas desse comportamento de desrespeito ao coletivo no Brasil está enraizado na cultura e cultura não se muda com decretos e que as autoridades também são fruto da cultura. são seres humanos, formados na cultura Brasil. O discurso simplista de alguns formadores de opinião nos faz pensar que as coisas são tão fáceis assim. A mudança é de baixo pra cima, não de cima pra baixo, ou melhor, de povo pra governo, não de governo pra povo. Não é a escola. São as famílias as grandes responsáveis pelo processo de mudança. Conhecimentos de Biologia, química, matemática, português, inglês, ciências, física. literatura não eleva o ser humano à sua mais elevada essência, aquilo que Rousseau chamava de “a pureza natural corrompida pelo meio”… Não gostamos de ler, nos aprofundar, debater… Adoramos ficar narcotizados pelos pitacos, pelas discussões vãs, apontando soluções vãs num país de 200 milhões de discursos… É mais fácil escutar os programas policialescos de rádio e tv e seguir as proféticas e espalhafatosas teses de seus produtores, como se a única solução fosse descer o cacete, prender, punir, matar… Se assim o fosse, não sobraria pedra sobre pedra… Quem nunca dirigiu com um golinho de cerveja? Quem nunca usou a sua suposta autoridade para intimidar seus assistidos? Quem nunca comprou CD/DVD pirata? Sonegou imposto? Jogou ou vendeu no bicho? Vendeu a mais e enfiou o a mais no bolso? Como se isso tudo fosse normal? É, isso tudo é ilegal, mas aqui no Brasil, é normal. Por que quem só comete crime, são os outros. Não está na hora de deixarmos de sermos hipócritas, admitirmos nossos erros e, a partir de então, procurarmos erguer essa coisa que se chama de país e transformá-lo num lugar de respeito? Somos nós, o povo, que temos de mudar. Se mudarmos, tudo muda. Eis as palavras do Dr. Gerival:
Trecho do livro “Pensando alto sobre violência, crime e castigo. Justiça”, de Luiz Eduardo Soares. Ed. Nova Fronteira, 2011.
Vou lhe dar um exemplo bem objetivo. Imaginemos que, numa escola, vários delitos estejam sendo cometidos ao mesmo tempo:
– o proprietário da escola omite informações ao Fisco sobre seus ganhos para pagar menos impostos (pagando menos do que deve, está se apropriando de dinheiro público que se destina ao saneamento, infraestrutura, habitação popular, educação pública e saúde);
– o sócio do primeiro proprietário, dirigindo embriagado, invadiu uma calçada e matou um jovem casal e uma criança;
– o diretor sofre de alcoolismo e bate em sua esposa, já tendo chegado a ameaçá-la seriamente caso ela tentasse fugir de casa ou ousasse denunciá-lo;
– um professor toma ecstasy nos fins de semana e revende as pastilhas no condomínio onde mora;
– uma professora viaja para Miami nos feriados para trazer contrabando e complementar sua renda;
– o médio da escola dá plantão em hospitais públicos mas não respeita o horário de trabalho previsto em seu contrato, limitando-se a trabalhar metade do tempo que lhe caberia;
– a psicóloga que atende a escola divide-se entre os alunos e seu consultório, onde não dá recibos e negocia o preço com seus pacientes exigindo que eles não declarem os gastos com o tratamento;
– o inspetor costuma comprar CDs e DVDs piratas nas bancas dos camelôs;
– o dono da empresa que faz as obras de expansão do prédio da escola enriquece graças a contatos superfaturados que negocia com a prefeitura;
– o pipoqueiro da esquina vende maconha embrulhada em papelotes;
– o zelador furtou a bicicleta que encontrou outro dia na saída da escola.
Dentre os personagens listados, quais você acha que, se fossem pegos pela polícia, serão tratados como criminosos e jogados com brutalidade e desprezo numa cela suja?
Você acha que o tratamento coincidirá com a gravidade do crime?
http://www.gerivaldoneiva.com/2012/07/voce-sabe-direito-penal-faca-o-teste.html
Parabéns pelos comentários Marcos!
Comentário perfeito. Faço minhas suas palavras!
Não merecem receber mais nada do governo.